Com sistema em teste, Defesa Civil diz evitar disparo amplo de alertas durante enchente em Rio Branco: 'Vai trazer pânico'
29/12/2025
(Foto: Reprodução) Rio Acre e igarapés transbordam em Rio Branco; mais de 130 famílias estão fora de suas casas
Rio Branco enfrenta uma enchente considerada atípica para o mês de dezembro, e a ausência de alertas da Defesa Civil nos celulares da população gerou questionamentos e críticas nas redes sociais.
👉 Contexto: A enchente do Rio Acre já desabriga mais de 400 pessoas na capital acreana até esta terça-feira (29). Conforme dados da prefeitura de Rio Branco e do governo estadual, há 411 pessoas instaladas em sete abrigos, montados em escolas e centros de cultura. Às 12h, o manancial marcou 15,37 metros.
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Segundo o coordenador do órgão na capital, tenente-coronel Claudio Falcão, o sistema de alertas, testado duas vezes, ainda passa por testes e limitações operacionais no envio de notificações.
De acordo com o gestor, o chamado 'Defesa Civil Alerta' não é controlado por um único órgão e depende da atuação conjunta das defesas civis municipal, estadual e nacional.
Falcão reforçou que o sistema não é automatizado e que exige equipes exclusivas para funcionar plenamente, o que, segundo ele, pode comprometer outras frentes de atendimento emergencial.
"Nós não conseguimos atender a todos e também essa parte. O sistema não é eletrônico, então, precisa de equipes exclusivas. Se nós formos fazer isso, nós deixamos de atender a população", destacou.
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Ele ressaltou que, enquanto o município atua de forma mais direta nos bairros e abrigos, nem sempre há estrutura suficiente para monitoramento contínuo, principalmente em áreas sem sistemas eletrônicos. Toda a logística depende, segundo Falcão, de vistorias presenciais.
"As equipes de Defesa Civil do município são operacionais, nós estamos dentro dos bairros, abrigos e tudo mais, e às vezes nos falta o tempo necessário para o monitoramento, inclusive de igarapés, que não tem um sistema eletrônico para poder monitorar", complementou.
Sistema de alerta da Defesa Civil notificou acreanos em teste
Implementação
Atualmente, de acordo com a Defesa Civil, Rio Branco possui cerca de 230 bairros, dos quais 43 foram afetados diretamente por inundação ou enxurrada até esta segunda-feira (29). As equipes atuam, neste momento, em 19 dessas localidades. O comandante alertou que o envio indiscriminado de mensagens poderia causar pânico.
"Se nós emitirmos um alerta sem controle, vai tocar nos 230 bairros e vai trazer pânico para a população. Além do mais, nós podemos perder credibilidade. Isso não pode acontecer", comentou.
Coordenador da Defesa Civil de Rio Branco fala das ações para atender atingidos por cheia
Apesar das limitações, Falcão reconheceu a importância do sistema de alertas e defendeu maior integração entre os entes federativos para que a ferramenta funcione de forma eficaz.
"Nós precisamos, nesse instante, é do empenho maior. Também da Defesa Civil estadual, junto com a nacional, para que a gente possa ter as condições necessárias para emitir o alerta, que é de extrema importância para toda a comunidade daqui de Rio Branco", destacou.
Enchente atípica para dezembro
O Rio Acre ultrapassou a cota de transbordo na manhã de sábado (27) um dia após alcançar a cota de atenção, que é de 10 metros na capital. Às 11h desta segunda (29), o manancial chegou a 15,37 metros.
A cota alerta máximo é fixada em 14 metros. Este é o segundo registro de transbordo em menos de um ano, uma vez que o rio também ultrapassou a marca em março. Desde 1975, o Rio Acre não transbordava no mês de dezembro na capital.
Segundo a Defesa Civil estadual, a elevação do nível do rio está relacionada ao volume de chuva registrado na capital entre quinta (25) e sexta (26), bem como à situação do Riozinho do Rola, afluente do manancial, que está com nível elevado.
FOTOS: enchente em dezembro no AC atinge Rio Branco e cidades do interior
VÍDEOS: g1